segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Cadeirante


A fome que eu tenho dele é algo incontrolável. Desde o primeiro dia. Dizer que é uma coisa de pele é fazer um resumo simplório do que sinto quando ele me toca.
Talvez essa fosse só a história de duas pessoas que se curtem, mas com um detalhe: ele está numa cadeira de rodas.
O conheci no orkut. Confesso que o que me chamou a atenção nele foram os olhinhos puxados... como sempre brinco: “eu e os moços orientais”. Desde o primeiro momento de conhecimento eu me vi enfeitiçada por ele.
Nosso primeiro encontro foi no cinema. Ele teve a paciência de assistir comigo dois filmes na seqüência. Finalmente eu encontrava uma vitima pras minhas “maratonas filmíficas” como as chamo.
Ele foi de muito bom grado, veio me buscar em casa e tudo. Um doce de pessoa.
No meio de um dos filmes, nossas mãos se encontraram. O frio na barriga que eu senti foi algo indescritível e com um carinho tão inocente daqueles... Eu não entendia as reações do meu corpo, não naquela intensidade nem naquela rapidez.
No fim da noite depois de resistir bravamente dentro do cinema, não consegui mais me segurar e acabamos nos beijando timidamente. Um beijo só sem grandes afetações, um “selinho” como costumávamos chamar no colégio.
No dia seguinte saímos novamente e eu sabia que já estava fadada a terminar o encontro nos braços dele. Não deu outra: ao me deixar em casa, aí sim, um beijo longo e doce me foi roubado. Deliciosamente roubado. Meu coração pulsava tão forte que por um momento eu esqueci onde estava.
Eu era uma menina reaprendendo a conhecer a boca de um homem.
Nossos encontros se seguiram, afinidades foram sendo descobertas, papos foram ficando mais longos. Em termos de agitação eu não acreditava na capacidade dele.
Até o apelidei de formiga atômica dada a velocidade e intensidade com que fazia as coisas: chegou ao absurdo de eu ter que correr atrás da cadeira de rodas...
Num sábado inesquecível veio o convite para que passássemos a tarde juntos, sozinhos.
A primeira vez que ele me teve nos braços eu estava nervosa. Nervosa por não saber o que fazer. Nervosa por querer acertar. Nervosa pelo medo que sentia. Nervosa por não saber explicar o que nele me despertava tanto desejo assim. Lembro de ter me despido e de ter a ajuda dele para tanto. De vê-lo se despir e querer mais que tudo, naquele momento, enchê-lo de perguntas, de saber do que ele gostava, do que eu deveria dizer, do que eu deveria fazer, mas as palavras não saíram.
Estreitei meu corpo junto ao dele. Ele era tão quente, tão doce. Devorava minha boca com beijos longos, me afagava as costas, os cabelos, o pescoço. Pele com pele, eu o sentia pulsar sob o toque dos meus dedos, respiração ofegante. Ele me ensinou a fazer amor com o corpo todo, com toques sutis, com vagar, com doçura.
Jamais esqueci aquela tarde. Jamais vou esquecê-lo.

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